O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rompeu com o governo da presidente Dilma Rousseff nesta sexta-feira em uma decisão que coloca em xeque a pauta de votações do Executivo, mas também pode enfraquecer o deputado, principal pedra no sapato de Dilma no Congresso Nacional.
Em tom agressivo contra o Palácio do Planalto, Cunha anunciou seu rompimento por conta do que, segundo ele, seria uma ação orquestrada do governo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para constrangê-lo.
Cunha referiu-se ao que chamou de "devassa fiscal" promovida contra ele e ao depoimento dado pelo empresário Julio Camargo, um dos delatores da operação Lava Jato, que acusa o deputado de lhe pedir pessoalmente propina de 5 milhões de dólares, o que é negado pelo presidente da Câmara.
"Eu formalmente, a partir de hoje, estou rompendo com o governo", disse Cunha em entrevista coletiva na Câmara, em Brasília, negando, entretanto, que sua decisão tenha influência em seu papel institucional como presidente da Câmara.
"Não há nenhum gesto da minha parte que possa dizer: acabou a governabilidade do governo hoje. Mas saibam que o presidente da Câmara a partir de hoje é oposição ao governo."
O deputado disse ainda que defenderá a ida do PMDB para a oposição a Dilma no congresso da legenda, marcado para setembro.
"Vou pregar que a minha posição pessoal possa vir a ser a posição do partido", disse.
O governo reagiu ao rompimento de Cunha enfatizando o caráter pessoal de sua decisão, exaltando a importância do PMDB para o Executivo e afirmando esperar que a posição contrária ao Planalto não reflita na atuação de Cunha na presidência da Câmara.
Fonte: Reuters