A presidente Dilma Rousseff afirmou neste sábado que o Brasil não tem "complexo de vira-latas" e nem que se envergonhar da organização da Copa do Mundo, depois que o ex-atacante da seleção brasileira Ronaldo disse à Reuters que se sentia "envergonhado" com os atrasos para os preparativos do Mundial. “Tenho certeza que nosso país fará a Copa das Copas. Tenho certeza da nossa capacidade, tenho certeza do que fizemos. Tenho orgulho das nossas realizações. Não temos por que nos envergonhar e não temos complexo de vira-latas”, afirmou a presidente, sem citar Ronaldo, em discurso no Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, em Brasília.
Mais cedo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também tinha rebatido Ronaldo, que é membro do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, afirmando que o ex-jogador dava “um chute contra o próprio gol” ao dizer que estava “envergonhado” dos atrasos em obras do Mundial.
Em entrevista exclusiva à Reuters na sexta-feira, Ronaldo afirmou que sentia-se envergonhado com os atrasos e dificuldades do país nos preparativos para o torneio, mas defendeu que o Mundial não seja alvo de protestos e culpou os governos pelos problemas. "E de repente chega aqui é essa burocracia toda, uma confusão, um disse me disse, são os atrasos. É uma pena. Eu me sinto envergonhado, porque é o meu país, o país que eu amo, e a gente não podia estar passando essa imagem para fora", afirmou o ex-jogador.
Os preparativos do Brasil para a Copa do Mundo, que será disputada de 12 de junho a 13 de julho, têm sido problemáticos. Apenas dois dos 12 estádios ficaram prontos no prazo determinado pela Fifa, enquanto muitas obras em aeroportos e de mobilidade urbana atrasaram e outras foram abandonadas. A reação da presidente e do ministro às declarações de Ronaldo ocorre também num momento em que o governo federal se esforça para impedir que a imagem sobre a organização do Mundial prejudique as pretensões de reeleição de Dilma.
Na manhã deste sábado, Rebelo foi o primeiro a defender o governo.
"A frase dita pelo Ronaldo, tomada de forma isolada, é um chute contra o próprio gol, já que ele foi parte do grande esforço para construir a Copa do Mundo", disse o ministro por meio de site do ministério.
O ministro disse ainda estar "seguro de que não só o Ronaldo, mas todos os brasileiros e turistas estrangeiros que vierem nos visitar terão orgulho, e não vergonha" do Mundial.
Ronaldo, ao mesmo tempo em que disse à Reuters que críticas feitas pela Fifa ao Brasil são justas, afirmou que o Mundial pelo menos proporcionou mudanças em cidades brasileiras e citou Cuiabá, uma das 12 sedes de jogos da competição."Vi cidades com muitas obras... Quem sabe quantas obras assim seriam feitas em Cuiabá se não fosse a Copa do Mundo?", indagou.
"A Copa do Mundo é uma ferramenta que trouxe uma série de investimentos para o nosso país. Poderia ter sido perfeito, se fizessem tudo o que prometeram, mas isso não tem a ver com Copa do Mundo, tem a ver com os governos que prometeram e não cumpriram", disse o ex-jogador.
Fonte: Reuters