A compra de uma refinaria nos Estados Unidos pela Petrobras por 1,2 bilhão de dólares virou tema de campanha eleitoral, com a oposição afirmando que a estatal pagou 20 vezes mais que o valor justo pela unidade no Texas e que Dilma Rousseff errou ao aprovar o negócio quando era presidente do Conselho da empresa em 2006.
A investigação, porém, está provavelmente mirando na refinaria errada: mesmo que a Petrobras tenha pago caro, a refinaria de Pasadena, com capacidade para processar 100 mil barris por dia, pode ter sido o melhor negócio em refino que a petroleira já fez em pelo menos três décadas.
A Petrobras está pagando bem mais por novas refinarias no Brasil. É o caso da Refinaria do Nordeste (Rnest), perto do Recife, a primeira a ser construída no Brasil desde 1980. Com capacidade de 230 mil barris por dia, deverá custar 20 bilhões de dólares até ser inaugurada, dentro de alguns meses.
Cada barril de nova capacidade de refino da Rnest custará cerca de 87 mil dólares à Petrobras, sete vezes mais do que em Pasadena, e duas a três vezes mais do que em refinarias modernas semelhantes que estão sendo construídas em outras partes do mundo.
Desde que Dilma aprovou a construção da refinaria no Nordeste, no período em que foi presidente do Conselho da empresa (2003-2010), seu custo mais do que quadruplicou.
"Nunca ouvi falar de uma refinaria que custasse mais do que isso", disse Sam Margolin, analista de refino na empresa Cowan and Company, em Nova York.
"As refinarias são caras, e estouros de custos e (interferências) políticas são comuns, mas isso ainda está bem além de qualquer coisa que eu já tenha visto em qualquer lugar."
A Petrobras, incapaz de atender à demanda doméstica por combustíveis com as refinarias locais, precisa importar derivados de petróleo e sofre prejuízos com isso por causa dos controles de preços no mercado interno.
Fonte: Reuters