O papa Francisco qualificou nesta quarta-feira de "escândalo" a existência da fome e da desnutrição no mundo em mensagem enviada ao diretor da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o brasileiro José Graziano da Silva, por ocasião do Dia Mundial da Alimentação.
Em sua mensagem, que foi lida hoje durante a celebração da jornada na sede FAO, em Roma, o papa considerou que um "dos desafios mais sérios para a humanidade é o da trágica condição na qual ainda vivem milhões de pessoas famintas e desnutridas, entre elas muitas crianças".
O pontífice convocou todas as partes da sociedade a "enfrentarem juntas" esse problema "para conseguir uma solução justa e duradoura" e para que "ninguém se veja obrigado a abandonar sua terra e seu próprio entorno cultural pela falta dos meios essenciais de subsistência".
"A fome e a desnutrição nunca podem ser consideradas um fato normal que precisamos nos acostumar, como se fizesse parte do sistema. Algo tem que mudar em nós mesmos, em nossa mentalidade, em nossas sociedades", afirmou o pontífice argentino.
Sobre os dados da FAO que revelam que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas por ano, Francisco levantou a questão "sobre a necessidade de mudar realmente nosso estilo de vida, incluído o alimentício".
Um estilo de vida, acrescentou, que "em tantas áreas do planeta está marcado pelo consumismo, o esbanjamento e o desperdício de alimentos".
Os dados divulgados pela FAO indicam que aproximadamente um terço da produção mundial de alimentos não está disponível por causa de perdas e esbanjamentos cada vez maiores.
"Bastaria eliminá-los para reduzir drasticamente o número de famintos", clamou o pontífice.
Diante dos dados que revelam que 870 milhões de pessoas sofrem fome e desnutrição, o papa Francisco lamentou: "é o triste sinal da globalização da indiferença, que nos acostuma lentamente a ver o sofrimento dos outros como algo normal".
Fonte: Folha.com share via facebook