Liderado por Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Djavan e a produtora Paula Lavigne, o grupo Procure Saber iniciou uma investida contra a comercialização de biografias não autorizadas. A intenção deles é barrar qualquer obra do tipo, que não tenha autorização do biografado.
Nessa quarta (9), o jornal Folha de São Paulo publicou uma carta aberta a Caetano Veloso, escrita pelo biógrafo Benjamin Moser, autor de “Clarice,”. No texto, o escritor ressalta que conhece Caetano há muitos anos e teve o baiano como um dos principais divulgadores de sua biografia sobre Clarice Lispector. ”Fico constrangido em dizer que achei as declarações suas e da Paula, exigindo censura prévia de biografias, escandalosas, indignas de uma pessoa que tanto tem dado para a cultura. Para o bem dessa cultura, preciso dizer por quê.”, diz um dos trechos.
Benjamin se indignou com o argumento do grupo, de que os escritores visam ganhar fortunas com as biografias. ”Aprendi o quanto ganham escritores, jornalistas e editores no Brasil, e quanto os seus empregos são inseguros e como são amedrontados por ações jurídicas, como essas com que a Paula, tão bregamente, anda ameaçando”, escreveu. ”É um tipo de censura que você talvez não reconheça por não ser a de sua época. Não obriga artistas a deixarem o país, não manda policiais aos teatros para bater nos atores. Mas que é censura, é. E mais eficaz do que a da ditadura. Antes, as obras eram censuradas, mas existiam. Hoje, nem chegam a existir”, completou o escritor.
Essa semana, a Anel (Associação Nacional dos Editores de Livros) também se posicionou contra o Procure Saber. A entidade entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal, com o intuito de derrubar dois artigos do Código Civil que impedem a publicação de biografias, sem a anuência do biografado ou seus herdeiros.
Fonte: Portal Sucesso