O ministro Alexandre Padilha (Saúde) recepcionou em Brasília, nesta sexta-feira (23), um grupo de cinco médicos que farão parte de programa que visa suprir a carência desses profissionais no interior do país e periferias de capitais.
Ele criticou a reação de entidades médicas ao programa Mais Médicos e afirmou que o governo vai acompanhar a situação de cada profissional inscrito no programa. "Vamos até o fim. O que nos move é levar médicos onde não existem médicos no nosso país", afirmou na tarde de hoje no aeroporto internacional de Brasília.
Alvo de maior polêmica do programa, os médicos cubanos ainda não desembarcaram no país. A previsão é de que cheguem a partir de amanhã. Ao todo, serão num primeiro momento 400 profissionais da ilha, que junto com outros 244 médicos formados no exterior farão um curso de três semanas de duração, sobre língua portuguesa e questões da saúde brasileira.
Questionado sobre críticas do Ministério Público do Trabalho sobre o modelo de contratação dos profissionais de Cuba, Padilha afirmou que o governo está "absolutamente a disposição para mostrar (...) [que] a parceria com a Opas (braço da OMS para as Américas) não é de contratação de profissionais".
O contrato com Cuba é feito por meio do braço da Organização Mundial da Saúde para as Américas. Caberá à Opas encaminhar os recursos brasileiros para Cuba, que então repassará parte dele para os médicos.
"A presença da Opas com regras que ela estabelece é uma grande segurança para que todas as condições de trabalho estejam garantidas para esses profissionais", disse o ministro. Ele ainda reagiu à declaração do presidente da seção mineira do Conselho Regional de Medicina, o pediatra João Batista Gomes Soares, contrário a vinda de cubanos.
Soares disse que os médicos brasileiros não devem assumir nenhuma responsabilidade sobre condutas dos médicos cubanos, caso ocorra problema no atendimento a algum paciente.
"Eu só lamento qualquer postura como essa, qualquer medida de ameaça que possa prejudicar a população. Nós médicos, quando nos formamos, temos um compromisso com a vida e com a ética, e esse compromisso é em qualquer situação", afirmou Padilha.
Questionado mais uma vez sobre quanto do salário de R$ 10 mil será repassado aos cubanos, Padilha esquivou-se: "Essa é a informação que o Ministério da Saúde de Cuba tem." Ele lembrou que esses profissionais terão despesas como moradia e alimentação pagas pelos municípios, além de acompanhamento de profissionais de saúde.
MÉDICOS
O ministro da Saúde recepcionou cinco médicos que desembarcaram em Brasília na tarde de hoje. Ao todo, 244 médicos chegarão em oito capitais até domingo nesta primeira leva do programa.
"Com essa oportunidade eu volto à minha casa, com o propósito de trabalhar na minha região. Médico pode ser japonês, alemão ou de qualquer parte do mundo, mas é médico, exerce a medicina", disse Thiago Carvalho, 33.
O brasileiro fez medicina na Espanha e atua em Portugal. Natural do Acre, ele desembarcou com mulher e filhos no Brasil e escolheu atuar na capital de seu Estado, Rio Branco. Ele diz ter a intenção de fazer o Revalida, exame de revalidação de diploma estrangeiro em medicina.
A espanhola Sonia Gonzalez, 38, escolheu o distrito indígena de Alto do Rio Negro (AM) para atuar como médica no Brasil. Formada há dez anos, trabalhava em medicina da família na região de Algarve, em Portugal.
"Estou ao mesmo tempo emocionada e com algum medo, claro, do desconhecido, mas com muita vontade de trabalhar e ter uma nova experiência. Tenho um fascínio de conhecer esses povos, trabalhar lá", afirma.
Fonte: Portal Sucesso